Gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, o Hospital Regional do Sudeste do Pará – Dr. Geraldo Veloso (HRSP), em Marabá, passou a fazer parte do rol de hospitais que integram a rede de articulação do Sistema Estadual de Transplante, coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). Por enquanto, a Unidade não fará diretamente a captação nem o transplante de órgãos e tecidos, mas terá um papel crucial no atendimento às pessoas cadastradas no Sistema de Lista Única, que reúne os potenciais receptores de órgão, tecido, célula ou parte do corpo, residentes no Brasil: a notificação sobre possíveis doações de órgãos de pacientes com morte encefálica internados no HRSP.
Neste mês, os médicos que atuam na Unidade de Terapia Intensiva Adulto participaram de uma capacitação sobre os critérios para o diagnóstico da morte encefálica, regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. As orientações foram repassadas pelos médicos David Tozetto e Tatiana Teixeira, que replicaram na Unidade o conteúdo abordado no treinamento realizado em Belém, ministrado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).
Junto com a criação da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), a capacitação dos médicos para a determinação de morte encefálica é uma das etapas obrigatórias para que os estabelecimentos de saúde no Brasil possam notificar as Centrais Estaduais de Transplante.
Em Marabá, inicialmente, o trabalho será voltado para a captação de córnea e rins, os órgãos mais transplantados no País. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, em 2018, 23.534 transplantes foram realizados no Brasil. Destes, 88% foram de córnea e rim, 9,2% de fígado, 1,5% de coração, 0,7% de pâncreas e 0,6% de pulmão.
Falta de informação é uma das principais barreiras
Mesmo sendo referência mundial no procedimento e considerado o 2º maior transplantador de órgãos do mundo em números absolutos, perdendo apenas para os Estados Unidos, o Brasil ainda enfrenta um grande obstáculo para reduzir a lista de espera por órgãos: a desinformação dos familiares. Parte disso pode ser atribuída a crenças e tabus, como a dificuldade de se falar sobre a morte.
No Hospital Regional de Marabá, a desmistificação do assunto será uma das atribuições da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante. Formado por médicos e enfermeiros, o grupo realizará campanhas permanentes de sensibilização dos acompanhantes e usuários atendidos na Unidade, a fim de esclarecer o que é a morte encefálica e quais os benefícios da doação de órgãos.
“É necessário que as famílias conversem sobre o assunto e que as pessoas deixem claro o desejo de serem doadoras ou não. Hoje, o transplante de órgãos faz parte da série de cuidados e tratamentos que salvam vidas. Em algumas doenças, como a insuficiência renal e cardíaca ou a perda de visão, ele é o último recurso para o paciente. Por isso, é importante que a população entenda que, mesmo em um momento tão difícil, como a perda de um ente querido, é possível salvar outras vidas”, esclarece o diretor técnico e coordenador da CIHDOTT do HRSP, Cassiano Barbosa.
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