A perda do direito de sacar o valor depositado no FGTS ao ser demitido sem justa causa, ao menos por dois anos, pode deixar o trabalhador em dúvida sobre se vale a pena aderir ao saque anual dos recursos no mês do aniversário.
Isso porque diante do alto desemprego no país e uma economia que patina para se recuperar o risco de ser demitido sem justa causa é maior.
Além disso, o aumento do retorno do valor depositado no fundo, que promete ser, a partir de agora, similar à poupança, é um reforço para considerar o FGTS como uma reserva em caso de desemprego.
Então, nesse cenário, é melhor deixar o dinheiro depositado no fundo e não contar com a sorte? Para consultores, cada caso tem de ser analisado de forma diferente, e a decisão não depende apenas da situação do mercado de trabalho e do empregador.
Atenção
É importante ressaltar que a opção pelo saque-aniversário independe do saque de até 500 reais de cada conta inativa e da conta ativa, que será permitido a todos os trabalhadores entre setembro deste ano e março de 2020.
O trabalhador deve ponderar também que se for demitido sem justa casa ainda receberá a multa de 40% sobre o valor total pago desde que começou a trabalhar, independente do saque dos valores ou da opção pelo saque-aniversário. Ou seja, de qualquer forma, o trabalhador terá uma reserva ao ficar desempregado, contanto que a regra da multa não seja modificada.
É necessário, portanto, calcular a multa que irá receber e verificar se o valor é suficiente para continuar a cumprir obrigações em caso de perda de renda antes de optar ou não pelo saque-aniversário.
O que pesar na decisão
Primeiro, especialistas aconselham a analisar dívidas. Contratou empréstimos baratos e está conseguindo pagá-los em dia? Em caso afirmativo, talvez seja melhor deixar o dinheiro depositado no fundo para pagá-los caso fique desempregado, diz o professor de finanças da PUC-SP, Fábio Gallo. “Essa opção deve ser seguida principalmente por quem não está acostumado a poupar e não tem uma reserva de dinheiro para o caso de perda de renda”.
Isso porque como no saque-aniversário o trabalhador só poderá sacar um porcentual do que tem depositado no fundo (veja a tabela de valores abaixo), é interessante consultar o saldo do FGTS e verificar se a retirada anual do dinheiro vai, de fato, ter um grande impacto sobre essas dívidas, e se compensa o risco de ficar sem uma reserva no caso de desemprego.
A retirada anual vale mais a pena para quem está “estourado” em modalidades de crédito mais caras, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, diz o planejador financeiro Roberto Agi. “Nesse caso, mesmo com o aumento da rentabilidade do fundo, ele estará pagando muito mais juros nessas dívidas. Portanto, é melhor quitá-las”.
Um ponto de atenção nessa opção é de que o dinheiro do FGTS vai dar acesso a empréstimos mais baratos, de acordo com as regras anunciadas. Eles tomam como garantia os recursos depositados no fundo. Ou seja, no caso de desemprego o banco toma os valores para pagar a dívida.
Se o empréstimo vai compensar ou não vai depender das condições oferecidas pelos bancos, mas essa nova modalidade promete ser tão ou mais barata que um crédito consignado, o que pode dispensar a opção pelo saque anual para quem está pagando dívidas caras.
Fonte: EXAME / Imagem: Reprodução Internet.
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