A produção industrial brasileira caiu 0,3% em julho, na comparação com junho, segundo divulgou nesta terça-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da terceira queda mensal seguida e do pior resultado para meses de julho desde 2015 (-1,8%) na série com ajuste sazonal.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda foi ainda maior, de 2,5%.

Tanto na comparação mensal quanto na anual os números de julho vieram piores que as previsões do mercado. Analistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,3% sobre o mês anterior e queda de 1,3% na base anual.
No acumulado no ano, o tombo chega a 1,7%. Em 12 meses, a produção industrial mostra uma perda ainda maior de ritmo, ao passar de -0,8% em junho para -1,3% em julho, permanecendo em trajetória descendente iniciada em julho do ano passado.
Com o resultado de julho, o patamar da produção industrial no Brasil está 18,3% abaixo do pico mais alto do indicador, registrado em maio de 2011.
11 dos 26 ramos pesquisados registraram queda
Segundo o IBGE, 11 dos 26 ramos pesquisados mostraram quedas na produção, ante um recuo em 17 setores no mês anterior, indicando uma queda mais concentrada em julho.
As principais quedas em julho foram em produtos químicos (-2,6%), bebidas (-4,0%) e produtos alimentícios (-1,0%). Juntos, estes 3 segmentos representam cerca de 22% de toda a produção industrial.
“No caso de alimentos, é a terceira queda seguida e isso guarda uma relação com a parte relacionada ao açúcar, cuja produção tem sido direcionada mais para a produção de etanol, por exemplo, e isso traz impactos negativos para o setor de alimentos”, explicou o pesquisador.
No quadro por grandes categorias econômicas, somente bens intermediários apresentaram queda, tanto na comparação com julho de 2018 (-5,4%), quanto no acumulado no ano (-3%), pressionada principalmente pela indústria extrativa.
Por outro lado, os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (1,4%) e de bens de consumo duráveis (0,5%) registraram altas em junho, eliminando parte das perdas acumuladas nos meses de maio e junho.
No acumulado no ano, 14 dos 26 ramos, 43 dos 79 grupos e 53,3% dos 805 produtos pesquisados acumulam quedas.
Entre as atividades, indústrias extrativas (-12,1%) permanecem como a maior influência negativa em 2019, ainda como reflexo da tragédia de Brumadinho (MG) na produção de minério de ferro da Vale. Os outras quedas mais significativas foram nos ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,8%), de outros equipamentos de transporte (-11,4%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,7%), de celulose, papel e produtos de papel (-2,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-1,9%) e de produtos de madeira (-5,5%).
Perspectivas
A produção industrial no ano tem sido afetada pelo ritmo mais fraco de recuperação da economia, pela queda das exportações para a Argentina e pelos reflexos da tragédia de Brumadinho (MG).
O Produto Interno Bruto (PIB) da indústria registrou alta de 0,7% no 2º trimestre, depois de dois trimestres consecutivos de queda, sustentado principalmente pela reação da construção civil e da indústria de transformação. Apesar do setor ter conseguido sair da recessão técnica, a piora no cenário externo ainda traz incertezas para o segundo semestre, em meio à recessão da Argentina, acirramento da guerra comercial entre China e Estados Unidos e temores de uma nova recessão global.
Os economistas das instituições financeiras projetam um cenário de estagnação para a produção industrial no ano, de alta de 0,08%, segundo pesquisa Focus do Banco Central. Para o resultado do PIB de 2019 do Brasil, a previsão atual do mercado é de uma alta de 0,87%.
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