Há uma semana, quatro crianças de idades entre 4 e 8 anos foram encontradas pela Polícia Civil de Marabá em situação de abandono na Folha 31, bairro Nova Marabá, após vizinhos denunciarem a situação.
As crianças estavam em condições precárias e totalmente insalubres, uma delas apresentava uma queimadura no tórax e outra no rosto que de acordo com relatos da própria menor, a mesma havia se queimado quando estava cozinhando.
Os vizinhos relataram que a mãe Leudinalva Ribeiro Alves, de 30 anos, abandonava as crianças na residência sem cuidados e alimentos, porém não foi essa a versão dita pela mesma uma semana após o acontecido com seus filhos.
O Jornal Correio de Carajás foi atrás de Leudinalva para saber sua versão sobre as acusações além da situação em que foram encontradas as crianças.
A mulher foi entrevistada na feira da Folha 28, onde trabalha em uma peixaria, na entrevista ela disse que ganha pouco para sustentar seus quatro filhos sem a ajuda do pai, pois o mesmo se encontra preso acusado de tentar mata-lá. Leudinalva relatou ainda que a casa onde mora pertence a um tio seu, pois ela não dispõe de recursos para pagar o aluguel nem mesmo uma conta de energia elétrica da casa que está cortada por falta de pagamento.
Mesmo com todas as dificuldades Leudinalva nega que passe noites fora de casa como foi dito em acusações contra ela. A mesma afirma ainda que esteve em casa no horário de almoço no dia 29/04 em que a Polícia Civil e o Conselho Tutelar resgataram seu filhos informando que só soube do ocorrido quando estava terminando o seu expediente.
Sobre a queimadura no tórax e face da filha de 5 anos, a mãe explica que a menina não cozinhava quando o acidente aconteceu e sim ela mesma, o que ocorreu foi que a criança por curiosidade se aproximou do fogão onde Leudinalva cozinhava e se queimou.
Quando questionada se fazia uso de drogas ilícitas, a mulher negou tudo e disse se fazer a disposição para qualquer exame toxicológico. Enfatizou que muitas pessoas criticam ela mas nunca se quer chegaram a perguntar se ela ou as crianças precisavam de alimentos, produtos de higiene ou até uma casa para morar.
No momento Leudinalva disse que a única coisa que precisa é de seus filhos de volta “Eu amo meus filhos e não quero ficar longe deles” desabafou lamentando sobre não ter condições de constituir um advogado para requerer a guarda das crianças.
Foi questionada também se não tinha medo de deixar os seus filhos sozinhos por tanto tempo e respondeu dizendo que sim, tinha medo de acontecer algo ruim como algum incêndio ou alguém fazer mal as crianças porém ela não tinha outra opção.
A situação de Leudinalva diante da Justiça não é das melhores. Segundo o delegado Simone Felinto titular da Delegacia Especializada em Atendimento à criança e ao Adolescente (DEACA) ela foi indiciada no Artigo 244 do Código Penal Brasileiro (CPB).
O crime é deixar, sem justa causa, de prover subsistências ao filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho… deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: A pena para este tipo de crime é a detenção de um a quatro anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
O único momento em que Leudinalva chorou foi quando falou do encontro que tem com seus filhos, dos abraços apertados, que precisam ser desfeitos quando termina o horário de visita no Espaço Atendimento Provisório (EAP), mantido pela Secretaria de Assistência Social da Prefeitura (SEASP).
Reportagem: Clara Antunes com informações do Correio de Carajás
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