Neurocientistas desenvolveram um implante capaz de transformar sinais cerebrais em fala. O estudo foi publicado na revista científica britânica “Nature”. O resultado tem potencial de ajudar pessoas que perderam a capacidade de falar por causa de doenças como Parkinson, esclerose e derrame.
O objetivo dos cientistas era desenvolver uma forma de criar fala de maneira mais rápida, já que a maioria das opções disponíveis atualmente exigem que as pessoas façam pequenos movimentos para selecionar letras ou palavras em uma tela.
Caso semelhante ao do físico Stephen Hawking, morto em 2018, e que sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Hawking falava através de uma máquina ativada por um sensor em sua bochecha e no dedo, mas de forma lenta e sem entonação.
Stephen Hawking, em 2015, na chegada ao Interstellar Live Show no Royal Albert Hall, no centro de Londres — Foto: Joel Ryan / Invision / AP Photo (Arquivo)
Edward Chang, neurocirurgião da Universidade da Califórnia e um dos autores do estudo, diz que em média estes aparelho reproduzem até 10 palavras por minuto quando geralmente falamos 150 palavras por minuto.
Mapeando o cérebro
Chang e seus companheiros criaram um decodificador neural capaz de sintetizar a fala através das transmissões no córtex cerebral.
Cinco voluntários em tratamento contra a epilepsia participaram do estudo e tiveram eletrodos implantados na superfícies de seus cérebros. Então, a equipe registrou a atividade cerebral que acontecia enquanto os participantes liam frases em voz alta.
Eles combinaram essas gravações com dados de experimentos anteriores que determinaram como os movimentos da língua, lábios, mandíbula e laringe criavam sons na hora de falar.
O próximo passou foi usar inteligência artificial para simular os movimentos da fala e passar estes dados para o decodificador. O aparelho é capaz de transformar os sinais cerebrais em movimentos da fala e posteriormente em voz artificial.
Segundo Chang, pessoas que ouviram a fala sintética produzida pelo decodificador conseguiram entender as frases em 70% das vezes.
Os cientistas ainda precisam analisar como o decodificador funciona quando não há movimentos de fala envolvidos, já que o mapeamento do cérebro foi feito usando palavras que foram ditas pelos pacientes.
É preciso entender como o implante se comporta quando a boca não se movimenta e como aumentar sua capacidade da fala.
Fonte: G1
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