O número de microempreendedores individuais (MEIs) no país ultrapassou neste ano a marca de 8 milhões, fechando março com 8.154.678 cadastros, segundo dados do Portal do Empreendedor do governo federal. Nos últimos 5 anos, desde o período pré-recessão, o número de MEIs no país já cresceu mais de 120%. Somente nos 3 primeiros meses do ano, o Brasil ganhou 379 mil novos microempreendedores individuais.
O programa, que em 2019 completa 10 anos, foi lançado para incentivar a formalização de pequenos negócios e de trabalhadores autônomos como vendedores, doceiros, manicures, cabeleireiros e eletricistas, entre outros, a um baixo custo. Mas, com a crise do mercado de trabalho e aumento do trabalho por conta própria, tem se transformado também em opção de ocupação temporária, de “bico” ou do chamado “empreendedorismo por necessidade”.

Segundo os números do IBGE, o desemprego atinge atualmente mais de 13 milhões de brasileiros, o que tem contribuído para o aumento do número recorde de trabalhadores por conta própria, categoria que inclui os MEIs. No trimestre encerrado em fevereiro, eram 23,8 milhões de trabalhadores nessa situação.
ALTERNATIVA AO DESEMPREGO
As estatísticas mostram que a maior concentração de MEIs está na faixa dos 31 aos 40 anos, que reúne mais de 2,5 milhões de pessoas, ou 31% do total. Mas o registro formal de microempreendedor tem sido visto também como uma opção de trabalho entre jovens. Atualmente, mais de 1,7 milhão de MEIs, ou cerca de 22% do total, possuem entre até 30 anos.
“Quando o dia é bom, chego a tirar até R$ 80. Mas é muito cansativo. Queria mesmo era arrumar um emprego registrado [com carteira assinada]. Daí eu deixava esse trabalho mais para o fim de semana”, diz o entregador.
Já o seu colega Gabriel de Lima, de 19 anos, diz preferir o trabalho autônomo de entregador ao seu anterior, com carteira assinada, na função de porteiro. Ele diz ganhar até mais de R$ 2 mil livres por mês.
“Gosto de bicicleta e vejo como um trabalho normal, com a vantagem que sou eu que decido o dia que trabalho e que fico de folga. E ganho bem mais que esses salários de miséria que pagam por aí”, afirma o bikeboy microempreendedor.
O entregador sequer tem bicicleta própria. Ele usa as “magrelas” das estações de aluguel de bicicletas espalhadas pela cidade e diz que sua meta é conseguir juntar dinheiro para dar entrada na compra de uma moto, e assim poder aumentar o volume de entregas.
O registro como MEI garante o registro em aplicativos de entregas que exigem CNPJ para o cadastro de entregador. Mas os bikeboys citam outras vantagens, como a cobertura de benefícios do INSS (Instituto de Previdência Social) como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Ou seja, uma proteção em caso de acidentes.
“Imprimo todo mês o boleto e pago na lotérica. É fácil. Ensinei até a minha mãe que é diarista a fazer também o registro”, diz Cruz.
Fonte: G1
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